Um pouco sobre a Filosofia Perene

A Filosofia Perene é uma ilha de sanidade em um mar de relativismo.

Em um mundo dominado por ideias relativistas, onde a verdade parece se esvair em meio a diferentes perspectivas e interpretações, a Filosofia Perene surge como um refúgio seguro, uma ilha em meio à impermanência do Relativismo e do Niilismo.

Em tempos de Pós-Modernidade, onde a verdade se dissolve em múltiplas interpretações e a realidade se torna um construto social, a Filosofia Perene se ergue como um bastião da racionalidade e da objetividade. Ao contrário das filosofias relativistas que questionam a própria existência da verdade, a Filosofia Perene reconhece a existência de uma realidade transcendente, acessível à razão humana.

Definindo Filosofia Perene

Ao longo da história, a Filosofia Perene se manifestou de diversas formas, desde as reflexões dos filósofos gregos clássicos até os debates teológicos da Idade Média. Apesar da diversidade de escolas e pensadores, existe um fio condutor que une essa tradição milenar: a busca incessante pela verdade e a crença na existência de uma realidade objetiva e transcendente.

A Filosofia Perene não se limita a um único pensador ou período histórico. Ela se configura como um rio caudaloso que flui através dos séculos, alimentando-se das ideias de grandes filósofos como Platão, Aristóteles, Santo Tomás de Aquino e muitos outros.

Cada um desses pensadores, com suas perspectivas e nuances únicas, contribuiu para a construção de um edifício intelectual sólido e duradouro. Esses filósofos, apesar de suas diferenças, compartilhavam a crença em uma realidade objetiva e acessível à razão humana, defendendo a existência de verdades universais e imutáveis.

Um dos pilares da Filosofia Perene é a ideia de que a realidade é algo tangível, apreendido pelos sentidos e acessível à razão humana. Essa concepção, muitas vezes contestada por correntes filosóficas modernas e pós modernas, encontra fundamento na experiência cotidiana e na própria estrutura do conhecimento humano. Como bem observou G.K. Chesterton: “Se a realidade é incognoscível, como podemos saber que ela é incognoscível?”.

Um exemplo prático

Ao pegar o copo em minhas mãos, sinto a superfície lisa e fria. Observo a água no interior, com sua cor cristalina e textura fluida. Aproximo o copo do meu nariz, mas não sinto nenhum cheiro. A água é inodora, o que a diferencia de outros líquidos como o álcool, que possui odor característico.

A distinção entre a água e o álcool, mesmo com suas semelhanças na aparência, demonstra que a realidade não se limita àquilo que podemos ver ou tocar. Os sentidos nos fornecem informações sobre a aparência das coisas, mas a mente é quem as analisa e interpreta, permitindo-nos identificar suas propriedades e características.

Ao observar o copo de água, podemos perceber a importância da razão humana na busca pela verdade. Através da razão, podemos analisar os dados dos sentidos e chegar a conclusões sobre a natureza da realidade.

As (in)consequências do Relativismo

Negar a realidade ou duvidar de sua existência leva a um caminho sem saída, onde a verdade se torna ilusória e a própria sanidade humana é questionada. Ao negar a percepção sensorial, base fundamental do nosso conhecimento, abrimos as portas para o ceticismo e o relativismo, onde tudo se torna incerto e arbitrário.

A Filosofia Perene, em contrapartida, nos convida a transcender as aparências fugazes e buscar a essência das coisas. Através da razão e da reflexão crítica, podemos desvendar os mistérios da realidade e alcançar um conhecimento mais profundo daquilo que nos cerca.

Mais do que um conjunto de teorias abstratas, a Filosofia Perene oferece um sistema de pensamento coerente e sólido, capaz de nos guiar na busca por respostas aos questionamentos mais fundamentais da existência humana. Embora possa parecer óbvio hoje afirmar que “as coisas são como são”, ao observarmos a evolução da Filosofia ao longo dos séculos, percebemos que essa afirmação sustenta a própria sanidade da humanidade.

O filósofo Immanuel Kant, por exemplo, argumentava que a mente humana impõe limites à nossa percepção da realidade, tornando impossível conhecê-la em sua totalidade. Ao negar a percepção da realidade ou duvidar de sua existência, tudo desmorona por consequência. Embora essa ideia possa ser cativante ao pensar na tridimensionalidade do espaço, é absurda ao negar o que é empiricamente observado.

Mesmo para alguns pensadores orientais, a vida é considerada uma mera ilusão, com a realidade sendo a negação de si mesma. No entanto, isso levanta questionamentos: por que vivemos? O que impulsiona o homem a buscar a verdade, apesar de tudo? Ao negar a realidade, corremos o risco de cair no niilismo, perdendo a noção de certo e errado, bem e mal, verdade e mentira.

Apogeu e Decadência da Filosofia Perene

Um dos pontos altos da Filosofia Perene se encontra no encontro entre a Filosofia Clássica e a Teologia Cristã. Essa união harmoniosa de fé e razão proporcionou um terreno fértil para o desenvolvimento de uma visão abrangente da realidade, integrando o conhecimento humano à revelação divina.

Ambas compartilham a crença em um Deus transcendente e criador, na imortalidade da alma e na lei natural, buscando compreender a realidade sob a luz da razão e da fé. Essa união entre fé e razão resultou em um diálogo frutífero que moldou o pensamento ocidental durante séculos.

Dois grandes eventos marcam o fim da Filosofia Perene como um movimento ativo de diversas escolas filosóficas: o Renascimento, que nega o elemento cristão, e a Reforma Protestante, que rejeita o elemento pagão. A Fé e a Razão são separadas, retratadas como incompatíveis; um cisma é criado entre Ciência e Religião séculos depois, como se um não pudesse complementar o outro.

Essa fragmentação do saber enfraqueceu a busca por verdades universais e imutáveis, abrindo caminho para o relativismo e o ceticismo que dominam o mundo atual.

No entanto, a Filosofia Perene continua a oferecer ferramentas para refutar essas críticas, demonstrando que a razão humana, quando bem utilizada, é capaz de alcançar um conhecimento verdadeiro da realidade.

O que é verdadeiro permanece através dos séculos, independentemente das mudanças. Tentar negar o que é observado é nada mais que histeria. Acreditar que tudo é mera coincidência é negar a própria existência – afinal, você poderia não estar aqui no próximo segundo. Voltar à Filosofia Perene é simplesmente retornar à naturalidade do pensamento humano.

Conclusão

Apesar das mudanças e desafios históricos, a Filosofia Perene continua a oferecer respostas valiosas aos questionamentos mais profundos da existência humana. Em um mundo marcado pela incerteza e pela relativização da verdade, a Filosofia Perene se ergue como um farol de esperança, convidando-nos a buscar a verdade imutável e a construir uma vida mais plena e significativa.

Convidamos-o a mergulhar no universo da Filosofia Perene, desvendando seus segredos e descobrindo como ela pode enriquecer sua vida e sua visão de mundo.

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