Matrix Transcended parte 3 – A Revolução Permanente e a Falta de Propósito

Há uma inquietação constante em toda a trilogia Matrix, mesmo com a desconfiança em relação aos sentidos, uma fuga interminável: primeiro, para sair do sistema; segundo, para escapar da própria realidade. A ausência de valores sólidos e transcendentes torna a luta contra o sistema vazia de significado.

A Matrix é considerada ruim, controladora e opressiva, mas Zion, como símbolo de liberdade, não é uma alternativa atraente. A trilogia sugere que a ruptura com valores e tradições é o único caminho, mas a liberdade que surge disso soa vazia: parece mais uma prisão dos prazeres sensíveis, das festas constantes esvaziadas de significado.

No Cristianismo, o propósito está ligado a uma ordem superior e transcendente, dando sentido à vida. A ausência de propósito dilui qualquer tentativa de ordenação da realidade e da vida, tornando qualquer coisa válida ou inválida ao mesmo tempo, criando um vazio existencial. Dessa forma, Matrix torna-se um lugar acolhedor não porque “a ignorância é uma bênção”, mas porque possui propósito e ordenação, vitais para a existência.

Indo além da ficção, a sociedade atual promove a rejeição de compromissos e busca evitar vínculos sérios até níveis absurdos. Evitar compromissos isenta a pessoa de responsabilidade caso falhe, mas também anula qualquer chance de sucesso e mesmo de validação dos próprios esforços. Como levar algo a sério se o comprometimento é visto como fanatismo ou radicalismo?

Por exemplo, estudar profundamente um assunto é taxado de frivolidade; estudar e seguir sua religião é considerado fanatismo. Mesmo contratos formais, com toda a burocracia, não são levados mais a sério: cláusulas absurdas são inseridas como pretextos para o documento não ser cumprido, gerando precedentes incômodos e desnecessários.

Comprometer-se confere a seriedade e a solidez necessárias para as coisas acontecerem e para que as situações mudem, revelando também a hipocrisia e a conveniência tão apreciadas hoje em dia. As falhas de percurso são parte da jornada, e não deveriam ser um impeditivo para continuar caminhando.

Para comprometer-se, porém, é necessário um propósito, e o cumprimento desse propósito exige a prática de valores perenes. Sem uma direção clara, a quebra de amarras se torna apenas uma ilusão de liberdade, e a relativização torna a realidade insípida. Esse rompimento simboliza, em última análise, uma rejeição dos fundamentos cristãos de propósito e verdade, conduzindo a uma liberdade sem sentido: um vazio disfarçado de escolha.

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