A trilogia Matrix revolucionou não apenas o cinema, com seus efeitos especiais icônicos, mas também a forma de abordar a Filosofia. Em uma trama cyberpunk repleta de referências, Matrix vai além do entretenimento, explorando conceitos que transitam do platonismo clássico às filosofias orientais, questionando a própria natureza da realidade.
Essa abordagem inspirou toda uma geração a estudar e discutir Filosofia, despertando um interesse renovado por questões existenciais. Porém, o impacto foi além do esperado: enquanto Matrix subverte a visão aristotélico-tomista da realidade, alinhando-se tanto ao conceito de realidade simulada de Descartes quanto à ilusão de maya das filosofias orientais, muitos admiradores dos filmes acabaram por se reencontrar com o Cristianismo, encontrando na fé e nos valores perenes uma resposta às incertezas da pós-modernidade.
Nesse sentido, um aspecto fundamental da trilogia parece ter passado despercebido de boa parte do público: o caráter anticristão de Matrix. As referências ao Cristianismo são constantes, apresentando-o como um sistema que controla e aprisiona, oferecendo às pessoas uma ilusão de mundo imperfeito, sob a justificativa de que uma realidade idílica seria insuportável para a humanidade.
No entanto, será que essa transcendência representa algo além de uma rebeldia vazia? Há um propósito real nessa busca, ou é apenas uma fuga para um deserto sem sentido?
É necessário entrar novamente na toca do coelho, não mais como uma novidade, mas como quem revisita um lugar há muito percorrido, contemplando as ruínas do “deserto do real” com um misto de nostalgia e alívio, refletindo sobre o que está além das aparências.
Matrix propõe uma revolução sem propósito, onde a realidade é um deserto estéril. Revisitar essa obra é um lembrete de que, mesmo em meio à ilusão, existe uma verdade absoluta e inabalável, uma realidade que transcende o estéril e nos chama a reconhecer valores perenes que resistem ao tempo e às revoluções passageiras.